segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vik Muniz - Exposição

Vik Muniz

Biografia

Vicente José de Oliveira Muniz (São Paulo SP 1961). Fotógrafo, desenhista, pintor e gravador. Cursa publicidade na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, em São Paulo. Em 1983, passa a viver e trabalhar em Nova York. Realiza, desde 1988, séries de trabalhos nas quais investiga, principalmente, temas relativos à memória, à percepção e à representação de imagens do mundo das artes e dos meios de comunicação. Faz uso de técnicas diversas e emprega nas obras, com freqüência, materiais inusitados como açúcar, chocolate líquido, doce de leite, catchup, gel para cabelo, lixo e poeira. Em 1988, realiza a série de desenhos The Best of Life, na qual reproduz, de memória, uma parte das famosas fotografias veiculadas pela revista americana Life. Convidado a expor os desenhos, o artista fotografa-os e dá às fotografias um tratamento de impressão em periódico, simulando um caráter de realidade às imagens originárias de sua memória. Com essa operação inaugura sua abordagem das questões envolvidas na circulação e retenção de imagens. Nas séries seguintes, que recebem, em geral, o nome do material utilizado - Imagens de Arame, Imagens de Terra, Imagens de Chocolate, Crianças de Açúcar etc. -, passa a empregar os elementos para recriar figuras referentes tanto ao universo da história da arte como do cotidiano. Seu processo de trabalho consiste em compor as imagens com os materiais, normalmente instáveis e perecíveis, sobre uma superfície e fotografá-las. Nessas séries, as fotografias, em edições limitadas, são o produto final do trabalho. Sua obra também se estende para outras experiências artísticas como a earthwork e as questões envolvidas no registro dessas criações.



Opinão Própia.

Acho que é um trbalho realmente explendido, pois o artista consegur retiras das formas mais inusitadas a arte bem trablhada. Com elementos simples e comuns, costumeiros do nosso cotidiano que muita das vezes não recebem o valor que é merecido, acabam se tornando matéria-prima para a arte de Vik Muniz. E é um trabalho fascinante e encontador, podemos passar horas observandos suas fotografias que sempre vamos achar um sentido ou algum detalhe á mais que não vimos da primeira vez.
Suas obras realçam o cotidiano de uma formas mais próxima de cada um, pelo fato de o que você joga no lixo é muita das vezes o material necessário para sua arte, além de serem fotografias os resultados ficam mais expressivos e contagiantes, realçando um suspense no ar se são possíveis mesmo tal maravilhas.

Algumas de suas obras:

*Trabalho realizado com bonequinhos de brinquedo, trabalho realizado com doces e trabalho realizado com calda de chocolate respectivamente.


domingo, 30 de agosto de 2009

Estratégias do Caminhar.

Parkur - Conceito

Parkour, também conhecido como Le Parkour, é uma disciplina onde os praticantes - conhecidos como traceurs, ou traceuse, no feminino - usam seu corpo para passar obstáculo de uma forma rápida e fluente. No Parkour você aprende técnicas desde como subir um muro, até como pular de um lugar alto, porém o parkour NÃO É UM ESPORTE DE PULAR PRÉDIOS. Ele consiste em um homem correndo de alguém/algo e nenhum obstáculo pode pará-lo, mas, ele não é só isso, além de passar os obstáculos, você deve executar os movimentos da forma mais natural possível usando o obstáculo como se fosse parte do seu corpo. Vale a pena ressaltar que você treina o Parkour para você mesmo, você não faz movimentos para impressionar outras pessoas, até por que, isso pode resultar em sérias quedas.

Deriva( de situacionismo) - Conceito

A deriva situacionista trata-se de circulação aleatória pelas ruas procurando algum ponto de interesse. A deriva é uma técnica do deslocamento sem objetivo.

Flâneur - Conceito

Figura muito curiosa e fascinante, que dedica seu tempo a vagar pelas ruas, no intento de observar o que acontece ao seu redor, de captar algo mais perene no cenário urbano. Este passante se locomove a pé. E um observador que caminha tranquilamente pelas ruas, apreendendo cada detalhe, sem ser notado, sem se inserir na paisagem, que busca uma nova percepção da cidade.

Arte Abstrata - Conceito

Em sentido amplo, abstracionismo refere-se às formas de arte não regidas pela figuração e pela imitação do mundo. Em acepção específica, o termo liga-se às vanguardas européias das décadas de 1910 e 1920, que recusam a representação ilusionista da natureza. A decomposição da figura, a simplificação da forma, os novos usos da cor, o descarte da perspectiva e das técnicas de modelagem e a rejeição dos jogos convencionais de sombra e luz, aparecem como traços recorrentes das diferentes orientações abrigadas sob esse rótulo. Inúmeros movimentos e artistas aderem à abstração, que se torna, a partir da década de 1930, um dos eixos centrais da produção artística no século XX.

É possível notar duas vertentes a organizar a ampla gama de direções assumidas pela arte abstrata. A primeira, inclinada ao percurso da emoção, ao ritmo da cor e à expressão de impulsos individuais, encontra suas matrizes no expressionismo e no fauvismo . A segunda, mais afinada com os fundamentos racionalistas das composições cubistas, o rigor matemático e a depuração da forma, aparece descrita como abstração geométrica . As vanguardas russas exemplificam as duas vertentes: Wassili Kandinsky (1866 - 1944), representante da primeira, é considerado pioneiro na realização de pinturas não-figurativas com Primeira Aquarela Abstrata (1910) e a série Improvisações (1909/1914). Seu movimento em direção à abstração inspira-se na música e na defesa de uma orientação espiritual da arte, apoiada na teosofia. Em torno de Kandinsky e Franz Mac (1880 - 1916) organiza-se, na Alemanha, o Der Blaue Reiter [O Cavaleiro Azul], 1911, grupo do qual participam August Macke (1887 - 1914) e Paul Klee (1879 - 1940), e se aproximam as pesquisas abstratas de Robert Delaunay (1885 - 1941) e o simbolismo místico do checo radicado em Paris Frantisek Kupka (1871 - 1957).

Kasimir Malevich (1878 - 1935) é um dos maiores expoentes da arte abstrata geométrica. No bojo do suprematismo , 1915, defende uma arte comprometida com a pesquisa metódica da estrutura da imagem. A geometria suprematista se apresenta nos célebres Quadrado Preto Suprematista (1914/1915) e Quadrado Branco sobre Fundo Branco (1918). A obra de Malevitch tem impacto sobre o construtivismo de Alexander Rodchenko (1891 - 1956) - ver Negro sobre Negro (1918) - e o realismo dos irmãos A. Pevsner (1886 - 1962) e N. Gabo (1890 - 1977). O neoplasticismo de Piet Mondrian e Theo van Doesburg indica outra tendência da abstração geométrica. O movimento se organiza em torno da revista De Stijl [O Estilo], 1917, e tem o propósito de encontrar nova forma de expressão plástica, liberta de sugestões representativas. As composições se articulam com base em elementos mínimos: a linha reta, o retângulo e as cores primárias - azul, vermelha e amarela -, além da preta, branca e cinza. As idéias estéticas defendidas em De Stijl reverberam nos grupos Cercle et Carré (1930) e Abstraction-Création (1931) , na França, e no Circle (1937), na Inglaterra.

Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a Europa e os Estados Unidos assistem a desdobramentos da pesquisa abstrata. O tachismo europeu, também associado à abstração lírica, apresenta-se como tentativa de superação da forma pela ultrapassagem dos conteúdos realistas e dos formalismos geométricos. Os trabalhos de Hans Hartung (1904) e Pierre Soulages (1919) apóiam-se sobretudo no gesto, enquanto nas obras de Jean Fautrier (1898 - 1964) e Jean Dubuffet (1901 - 1985) - e nos trabalhos de Alberto Burri (1915) e Antoni Tàpies (1923) - a pesquisa incide preferencialmente sobre a matéria. Nos Estados Unidos, a abstração ganha força com o expressionismo abstrato de Jackson Pollock (1912 - 1956) e Willem de Kooning (1904 - 1997) - que descarta tanto a noção de composição, cara à abstração geométrica, quanto a abstração lírica -, as grandes extensões de cor não modulada de Barnett Newman (1905 - 1970) e Mark Rotkho (1903 - 1970) e a pintura com cores planas e contornos marcados de Ellsworth Kelly (1923) e Kenneth Noland (1924). O minimalismo de Donald Judd (1928), Ronald Bladen (1918 - 1988) e Tony Smith (1912 - 1980) - tributário de uma vertente da arte abstrata norte-americana que remonta a Ad Reinhardt (1913 - 1967), Jasper Johns (1930) e Frank Stella (1936) - retoma as pesquisas geométricas na contramão da exuberância romântica do expressionismo abstrato.

No Brasil, as obras de Manabu Mabe (1924 - 1997) e Tomie Ohtake (1913) aproximam-se do abstracionismo lírico, que tem adesão de Cicero Dias (1907 - 2003) e Antonio Bandeira (1922 - 1967) . Nos anos 80, observa-se uma apropriação tardia da obra de Kooning na produção de Jorge Guinle (1947 - 1987) . O pós-minimalismo , por sua vez, ressoa em obras de Carlos Fajardo (1941) , José Resende (1945) e Ana Maria Tavares (1958) . Em termos de abstração geométrica, são mencionados os artistas reunidos no movimento concreto de São Paulo (Grupo Ruptura) e do Rio de Janeiro (Grupo Frente) e no neoconcretismo .

Arte Conceitual - Conceito

Arte Conceitual


Para a arte conceitual, vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra. O termo arte conceitual é usado pela primeira vez num texto de Henry Flynt, em 1961, entre as atividades do Grupo Fluxus . Nesse texto, o artista defende que os conceitos são a matéria da arte e por isso ela estaria vinculada à linguagem. O mais importante para a arte conceitual são as idéias, a execução da obra fica em segundo plano e tem pouca relevância. Além disso, caso o projeto venha a ser realizado, não há exigência de que a obra seja construída pelas mãos do artista. Ele pode muitas vezes delegar o trabalho físico a uma pessoa que tenha habilidade técnica específica. O que importa é a invenção da obra, o conceito, que é elaborado antes de sua materialização.

Devido à grande diversidade, muitas vezes com concepções contraditórias, não há um consenso que possa definir os limites do que pode ou não ser considerado como arte conceitual. Segundo Joseph Kosuth, em seu texto Investigações , publicado em 1969, a análise lingüística marcaria o fim da filosofia tradicional, e a obra de arte conceitual, dispensando a feitura de objetos, seria uma proposição analítica, próxima de uma tautologia. Como, por exemplo, em Uma e Três Cadeiras , ele apresenta o objeto cadeira, uma fotografia dela e uma definição do dicionário de cadeira impressa sobre papel.

O grupo Arte & Linguagem, surgido na Inglaterra entre 1966 e 1967, formado inicialmente por Terry Atkinson, Michael Baldwin, David Bainbridge e Harold Hurrel, que publica em 1969 a primeira edição da revista Art-Language , investiga uma nova forma de atuação crítica da arte e, assim como Kosuth, se beneficia da tradição analítica da filosofia. O grupo se expande nos anos 1970 e chega a contar com cerca de vinte membros. E Sol LeWitt, em Sentenças , 1969, sobre arte conceitual, evita qualquer formulação analítica e lógica da arte e afirma que "os artistas conceituais são mais místicos do que racionalistas. Eles procedem por saltos, atingindo conclusões que não podem ser alcançadas pela lógica".

Apesar das diferenças pode-se dizer que a arte conceitual é uma tentativa de revisão da noção de obra de arte arraigada na cultura ocidental. A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento. Muitos trabalhos que usam a fotografia, xerox, filmes ou vídeo como documento de ações e processos, geralmente em recusa à noção tradicional de objeto de arte, são designados como arte conceitual. Além da crítica ao formalismo, artistas conceituais atacam ferozmente as instituições, o sistema de seleção de obras e o mercado de arte. George Maciunas, um dos fundadores do Fluxus, redige em 1963 um manifesto em que diz: "Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura 'intelectual', profissional e comercializada. Livrem o mundo da arte morta, da imitação, da arte artificial, da arte abstrata ... Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não artística, para ser compreendida por todos [...]". A contundente crítica ao materialismo da sociedade de consumo, elemento constitutivo das performances e ações do artista alemão Joseph Beuys, pode ser compreendida como arte conceitual.

Embora os artistas conceituais critiquem a reivindicação moderna de autonomia da obra de arte, e alguns pretendam até romper com princípios do modernismo , há algumas premissas históricas que podem ser encontradas em experiências realizadas no início do século XX. Os ready-mades de Marcel Duchamp, cuja qualidade artística é conferida pelo contexto em que são expostos, seriam um antecedente importante para a reelaboração da crítica dos conceituais. Outro importante antecedente é o Desenho de De Kooning Apagado , apresentado por Robert Rauschenberg em 1953. Como o próprio título enuncia, em um desenho de Willem de Kooning, artista ligado à abstração gestual surgida nos Estados Unidos no pós-guerra, Rauschenberg, com a permissão do colega, apaga e desfaz o seu gesto. A obra final, um papel vazio quase em branco, levanta a questão sobre os limites e as possibilidades de superação da noção moderna de arte. Uma experiência emblemática é realizada pelo artista Robert Barry, em 1969, com a Série de Gás Inerte , que alude à desmaterialização da obra de arte, idéia cara à arte conceitual. Uma de suas ações, registrada em fotografia, consiste na devolução de 0,5 metro cúbico de gás hélio à atmosfera em pleno deserto de Mojave, na Califórnia.

O brasileiro Cildo Meireles , que participa da exposição Information, realizada no The Museum of Modern Art - MoMA [Museu de Arte Moderna] de Nova York, em 1970, considerada como um dos marcos da arte conceitual, realiza a série Inserções em Circuitos Ideológicos . O artista intervém em sistemas de circulação de notas de dinheiro ou garrafas de coca-cola, para difundir anonimamente mensagens políticas durante a ditadura militar.

Site Especific - Conceito

Site Specific


O termo "sítio específico" faz menção a obras criadas de acordo com o ambiente e com um espaço determinado. Trata-se, em geral, de trabalhos planejados - muitas vezes fruto de convites - para um certo local, em que os elementos esculturais dialogam com o meio circundante, para o qual a obra é elaborada. Nesse sentido, a noção liga-se à idéia de arte ambiente , que sinaliza uma tendência da produção contemporânea de se voltar para o espaço - incorporando-o à obra e/ou transformando-o -, seja ele o espaço da galeria, o ambiente natural ou as áreas urbanas. Relaciona-se também de perto à chamada land art [arte da terra] que inaugura uma nova relação, nesse caso, com o ambiente natural. Não mais paisagem a ser representada, nem manancial de forças passível de expressão plástica, a natureza é aí o locus mesmo onde a arte se enraíza. O espaço físico - desertos, lagos, canyons , planícies e planaltos - apresenta-se como campo onde os artistas realizam intervenções precisas, por exemplo em Double Negative [Duplo Negativo] , 1969, em que Michael Heizer (1944) abre grandes fendas no topo de duas mesetas do deserto de Nevada, ou em Spiral Jetty [Pier ou Cais Espiral] , que Robert Smithson (1938 - 1973) constrói sobre o Great Salt Lake, em Utah, Estados Unidos, 1971.

É possível afirmar ainda que as obras ou instalações site specific podem remeter à noção de arte pública que designa, em seu sentido corrente, a arte realizada fora dos espaços tradicionalmente dedicados a ela, os museus e galerias. A idéia geral é de que se trata de arte fisicamente acessível, que modifica a paisagem circundante, de modo permanente ou temporário. Algumas obras de Richard Serra (1939) que exploram a relação com o ambiente, sobretudo pela intervenção no espaço urbano, são por ele mesmo definidas como site specific, por exemplo o Tilted Arc , 1981, gigantesca "parede" de aço inclinada colocada na Federal Plaza, Nova York. Esta obra, afirma o artista, "foi elaborada para um lugar específico, em relação com um contexto específico e financiada por esse contexto". Para a sua elaboração o lugar foi examinado em todas as suas dimensões: desenho da praça, arquitetura, fluxo diário de transeuntes (lembremos que Tilted Arc é destruído em 1999, após longa disputa judicial, pelo governo federal dos Estados Unidos, mesma instância que encomenda a obra e a instala na Federal Plaza, ao sul de Manhattan).

No Brasil, seria possível aproximar da idéia de trabalhos site specific algumas experiências artísticas realizadas sobre o ambiente natural, como por exemplo as que têm lugar no interior do Projeto Fronteiras, desenvolvido pelo Itaú Cultural em 1999, quando nove artistas - Angelo Venosa (1954) , Artur Barrio (1945) , Carlos Fajardo (1941) , Carmela Gross (1946) , Eliane Prolik (1960) , José Resende (1945) , Nelson Felix (1954) , Nuno Ramos (1960) e Waltercio Caldas (1946) - realizam intervenções em diferentes lugares das fronteiras do Brasil com países do Mercosul. Algumas experiências urbanas de Antonio Lizarraga (1924) e de Gerty Saruê (1930) nos anos 1970, cujo primeiro resultado é Alternativa Urbana - que dá origem, entre outros, à intervenção artística na rua Gaspar Lourenço, Vila Mariana, São Paulo - guarda alguma proximidade com a idéia de trabalhos e intervenções em contextos específicos. O Espaço de Instalações Permanentes do Museu do Açude (Rio de Janeiro), circuito ao ar livre criado em 1999, conta com obras contemporâneas pensadas precisamente para o local, como as de Lygia Pape (1927 - 2004) , Iole de Freitas (1945) , Nuno Ramos e José Resende.

Performance - Conceito

Performance


Forma de arte que combina elementos do teatro, das artes visuais e da música. Nesse sentido, a performance liga-se ao happening (os dois termos aparecem em diversas ocasiões como sinônimos), sendo que neste o espectador participa da cena proposta pelo artista, enquanto na performance, de modo geral, não há participação do público. A performance deve ser compreendida a partir dos desenvolvimentos da arte pop , do minimalismo e da arte conceitual , que tomam a cena artística nas décadas de 1960 e 1970. A arte contemporânea , põe em cheque os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo , abrindo-se a experiências culturais díspares. Nesse contexto, instalações , happenings e performances são amplamente realizados, sinalizando um certo espírito das novas orientações da arte: as tentativas de dirigir a criação artística às coisas do mundo, à natureza e à realidade urbana. Cada vez mais as obras articulam diferentes modalidades de arte - dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. - desafiando as classificações habituais e colocando em questão a própria definição de arte. As relações entre arte e vida cotidiana, assim como o rompimento das barreiras entre arte e não-arte constituem preocupações centrais para a performance (e para parte considerável das vertentes contemporâneas, por exemplo arte ambiente , arte pública , arte processual, arte conceitual, land art , etc.), o que permite flagrar sua filiação às experiências realizadas pelos surrealistas e sobretudo pelos dadaístas .

As performances conhecem inflexões distintas no interior do grupo Fluxus . As exibições organizadas por Georges Maciunas (1931-1978), entre 1961 e 1963, dão uma projeção inédita a essa nova forma de arte. Os experimentos de Nam June Paik (1932), assim como os de John Cage (1912-1992) - por exemplo, Theather Piece # 1 , 1952 -, que associam performance, música, vídeo e televisão, estão comprometidos com a exploração de sons e ruídos tirados do cotidiano, desenhando claramente o projeto do Fluxus de romper as barreiras entre arte/não-arte. O nome de Joseph Beuys (1921-1986) liga-se também ao grupo e à realização de performances - nome que ele recusava, preferindo o termo "ação" - que se particularizam pelas conexões que estabelecem com um universo mitológico, mágico e espiritual.

Trabalhos muito diferentes entre si, realizados entre 1960 e 1970, aparecem descritos como performances, o que chama a atenção para as dificuldades de delimitar os contornos específicos dessa modalidade de arte. Por exemplo, em contexto anglo-saxão, Gilbert & George (Gilbert Proesch, 1943, e George Passmore, 1942) conferem novo caráter às performances utilizando-se do conceito de escultura viva e da fotografia que pretende rivalizar com a pintura. Uma ênfase maior no aspecto ritualístico da performance é o objetivo das intervenções do grupo de Viena, o Actionismus, que reúne Rudolf Schwarzkogler (1941-1969), Günther Brüs (1938), Herman Nitsch (1938) e outros. Um diálogo mais decidido entre performance e a body art pode ser observado em trabalhos de Bruce Nauman (1941), Schwarzkogler e Vito Acconci (1940). As performances de Acconci são emblemáticas dessa junção: em Trappings (1971), por exemplo, o artista leva horas vestindo o seu pênis com roupas de bonecas e conversando com ele. Em Seedbed (1970), masturba-se ininterruptamente.

No Brasil, Flávio de Carvalho (1899-1973) , foi um pioneiro nas performances a partir de meados dos anos de 1950 (por exemplo a relatada no livro Experiência nº 2 ). O Grupo Rex , criado em São Paulo por Wesley Duke Lee (1931) , Nelson Leirner (1932) , Carlos Fajardo (1941) , José Resende (1945) , Frederico Nasser (1945), entre outros, realiza uma série de happenings, por exemplo, o concebido por Wesley Duke Lee, em 1963 no João Sebastião Bar (alguns críticos apontam parentescos entre o Grupo Rex e o movimento Fluxus). A produção de Hélio Oiticica (1937-1980) dos anos de 1960 - por exemplo os Parangolé - guardam relação com a performance, por sua ênfase na execução e no "comportamento-corpo", como define o artista. Nos anos 1970, chama a atenção as propostas de Hudinilson Jr. (1957) . Na década seguinte, devemos mencionar as Eletro performances , espetáculos multimídia concebidos por Guto Lacaz (1948) .